Viam a luz nas palhas de um curral,
criavam-se na serra a gurdar gado.
À rabiça de um arado,
a perseguir a sombra nas lavras,
aprendiam a ler
o alfabeto do suor honrado.
Até que se cansavam
de tudo o que sabiam,
e, gratos, recebiam
sete palmos de paz num cemitério
e visitas e flores no dia de finados.
Mas, de repente, um muro de cimento
interrompeu o canto
de um rio que corria
nos ouvidos de todos.
E um letes de silêncio represado
cobre de esquecimento
esse mundo sagrado
onde a vida era um rito demorado
e a morte um segundo nascimento.
Vilarinho, 18 de Julho de 1976
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