terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Tomada de Posse do Novo Director do PNPG...o que disse o Ministro do Ambiente.

Evitar conflitos com pastoreio na Peneda-Gerês

O ministro do Ambiente deixou, esta sexta-feira (23/01/09), em Vila Real, a garantia de que a adesão do Parque Nacional da Peneda-Gerês à rede de excelência PAN PARKS vai ser feita de molde a "não colidir com os interesses das populações locais".

Leia toda a entrevista aqui: http://jn.sapo.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Vila%20Real&Concelho=Vila%20Real&Option=Interior&content_id=1076964

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Começa a não haver paciência...

No seu Blog: AVENIDA CENTRAL, Pedro Morgado escreve um curioso artigo intitula-do: "Acautelar o Gerês com Gente" que pode ler aqui: http://avenidacentral.blogspot.com/2009/01/acautelar-o-gers-com-gente.html

Embora já lá tenha colocado o meu comentário às suas considerações, não resisto em colocar esses mesmos comentários aqui...

Caro senhor

Em primeiro lugar, permita-me concordar consigo quando afirma que, efectivamente, a integração do Parque Nacional da Peneda-Gerês na Pan-Parks foundation constitui, verdadeiramente, um orgulho para todo o país. Trata-se do reconhecimento da importância que, merecidamente, o PNPG tem no que respeita às zonas naturais que tão mal tratadas foram, e continuam a ser, a nível nacional.
De seguida, e porque ao longo do seu texto reproduz algumas afirmações que em nada se aproximam da realidade, deixe-me lembrar-lhe alguns factos que, enquanto natural e residente, considero da máxima importância para a reposição do real valor que as populações locais sempre representaram para a vida do PNPG, tal como o conhecemos hoje em dia, assim:
- Não o querendo maçar com a contextualização histórica da resistência que os povos das freguesias que vivem dentro das áreas do parque sempre levaram a cabo para o defenderem, inclusivamente do próprio Estado (e seus Serviços Florestais), gostaria apenas que ficasse a saber que, se hoje o PNPG, que conta com 37 anos de idade, está como está, não se deve ao grande investimento que o Estado todos os anos aqui investe (como imagina), nem tão pouco aos visitantes que, infelizmente, vêm na sua maioria deixar lixo e muitas vezes perturbar quem cá vive.
Deve-se antes às populações locais e seus antepassados que, desde que nos conhecemos, sempre percorreram estas serras com o máximo respeito, protegendo-a com a plena consciência que, ao contrário dos que vivem na grande cidade, a montanha era e é a sua grande aliada, parte do seu sustento e, para muitos, a sua maior riqueza.

Fico, como deve imaginar, estarrecido quando o vejo escrever: “a protecção do especial valor daquele património natural não pode compadecer-se com os interesses circunstanciais das populações do presente”...

Interesses circunstanciais das populações do presente?

Quanto acha o senhor que representa para as gerações que ainda (sobre)vivem dentro do PNPG, o valor patrimonial, histórico, cultural e social que os nossos avós e os nossos pais nos foram transmitindo ao longo destes últimos séculos?
Queira saber que somos da montanha, mas temos como maior riqueza a memória colectiva que nos vai sendo transmitida de geração em geração (na qual se inclui o pastoreio)! Não nos vendemos!!! Nem vendemos os nossos consagrados usos e costumes!

Realmente, também concordo consigo quando afirma que: “As profundas mudanças sociais vividas no último quartil do século XX, a generalização do uso de veículos motorizados e a mecanização da agricultura alteraram definitivamente a relação do Homem com a Natureza e constituem-se como factores de possível agressão ao património natural (do Gerês)”, mas permita-me que retire o Gerês, isto porque, como rapidamente dá a entender, nada conhece da forma como é feito o pastoreio na serra do Gerês.
Por acaso imagina que algum pastor, atravessa montanhas e montanhas com o gado, de jipe ou mesmo de moto-quatro? O senhor já percorreu os currais das vezeiras de Vilar da Veiga, Rio Caldo, Campo do gerês ou Ribeira??? Certamente que não...aliás, se contasse este seu hilariante devaneio a qualquer dos pastores que à dezenas de anos pastoreia as serras do Gerês, concerteza que iria morrer de riso!

Para finalizar, permita-me lembrar-lhe mais uma questão importante! Nós não somos, tal como pretende afirmar quando escreve: “Pelo seu enorme valor, o Gerês, tal como a obra de Camões ou de Pessoa, já não é pertença das populações locais, seus legítimos herdeiros, mas sim de todos os portugueses e de todos os amantes de Portugal e da Natureza no mundo”, os donos do PNPG, mas somos donos das nossas terras (que incluem as que utilizamos no pastoreio) que se encontram dentro da área do PNPG muito antes do mesmo ser criado! Por acaso não teremos constitucionalmente o direito à propriedade?
Poderia continuar, inclusivamente, perguntar-lhe se, por acaso, no local onde vive, aceitaria viver numa cerca rotulado de: - popular natural e residente, mas inconsciente do que é a protecção da natureza, daí estar preso numa cerca!

Despeço-me pedindo desculpa pela dureza de algumas das minhas palavras mas, como deve compreender, começa a não haver paciência para ler e ouvir tantas barbaridades em relação a quem, pede apenas para, viver com dignidade e hombridade onde sempre viveu!

Pois, porque ao contrário do que parece imaginar, VIVEM PESSOAS DENTRO DO PNPG!!!

Cumprimentos